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Empresas estrangeiras investem em plantação de mogno africano no Brasil

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O mogno africano entrou no radar de negócios de empresas estrangeiras que desejam investir no setor florestal no Brasil. Dois grupos externos estão em negociações para iniciar o plantio comercial da árvore, que foi apelidada de “ouro branco” graças à promessa de renda a longo prazo.

Em negociações muito avançadas, a Greenwood Resources, controlada pelo fundo americano TIAA-CREF, está em processo de garantir sua liderança na produção de mogno africano no Brasil. Focada em investimentos em ativos florestais, a empresa planeja semear 10.000 hectares de mogno africano na região de Unaí, em Minas Gerais. Greenwood fez parceria com um produtor local de 15.000 hectares e trabalhará no modelo de desenvolvimento – isto é, a empresa financia a produção sem propriedade. A lei proíbe a aquisição de terras por estrangeiros no país.

Greenwood estabeleceu como cronograma o plantio de mil árvores por ano, com um investimento médio de R $ 35 mil por hectare no ciclo total de 20 anos da planta. Procurada pelo Valor, a empresa se recusou a comentar o assunto.

Outro múltiplo que estuda uma joint venture com uma empresa brasileira de plantio de árvores exóticas e nativas é o African Mahogany Australia – atualmente o maior produtor mundial de mogno africano de 14.000 hectares no norte da Austrália. As conversas, no entanto, ainda estão em um estágio inicial, como uma pessoa familiarizada com o negócio.

Em seu site, o TIAA-CREF afirma que os investimentos em ativos florestais são uma forma de diversificar o portfólio, além de oferecer forte proteção contra a inflação em comparação com outras ações ou investimentos de renda fixa. O fundo dos EUA tem cerca de US $ 1,8 bilhão investidos em florestas, com uma área de 340.000 hectares nas Américas do Norte, Central e Latina e também na Ásia.

No Brasil, a Greenwood se posicionou no mercado florestal com a aquisição da BrasilWoods Reflorestadora, proprietária de 11 fazendas de eucalipto no Mato Grosso do Sul e fornecedora de madeira para a Fibria.

Pequeno por padrões florestais plantados – a estimativa, longe de ser precisa, é de 28.000 hectares plantados contra quase 8 milhões de hectares de área de eucalipto – o insumo de mogno de Greenwood é o mais impressionante de vários projetos com a madeira que aparece no país. Em geral, iniciativas profissionais liberais e de baixo risco, de baixo risco, aguardam o longo ciclo de 20 anos até o primeiro corte. A espera, dizem eles, pode valer a pena: o metro cúbico seco e serrado de mogno africano para exportação foi comercializado a € 1.000 (FOB) no porto de Gana em 15 de abril, de acordo com o relatório da ITTO.

“É um negócio que vem chamando atenção”, diz Patrícia Alves Fonseca, diretora executiva da Associação Brasileira dos Produtores Africanos de Mogno (ABPMA), em Belo Horizonte. Como o psiquiatra e escritor best-seller Augusto Cury, com 600 hectares plantados em Prata (MG) e Ricardo Tavares, ex-sócio da 3Corações, com fazendas no norte de Minas Gerais.

Recentemente plantado no país – as primeiras sementes vieram da África na década de 1970 – o mogno africano é caracterizado por sua alta resistência e cor avermelhada. É amplamente apreciado pela produção de móveis no exterior, principalmente nos EUA, o maior mercado consumidor para esse tipo de madeira. E, diferentemente do mogno nativo, o alvo da exploração predatória no passado, o corte de espécies africanas é permitido por lei.

As apostas dos produtores brasileiros se resumem a duas variedades: senegalensis e ivorensis. As plantações, até então mais concentradas em Minas, estão subindo para as áreas centro-oeste e norte do país. Esse movimento migratório fez com que a ABPMA logo decidisse abrir um novo escritório regional em Goiás para mapear investimentos e organizar o setor.

O mogno Roraima é uma daquelas empresas que viam potencial no estado brasileiro para a rápida escalabilidade desse mogno. Na Amazônia, a vantagem competitiva é sem irrigação, diz Urano de Carvalho, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

Fundada por Marcello Guimarães, empresário de TI, a empresa atua na região de Boa Vista e completará 1.200 hectares semeados este ano. Ele está procurando investidores para torná-lo o único produtor africano de mogno no país, com 24.000 hectares em dez anos. As árvores seriam consorciadas com outras espécies, como cacau, açaí e banana. “O regime de chuvas é ideal e a terra é a mais barata do Brasil”, diz o executivo sobre por que escolheu Roraima. Feito isso, a expectativa média anual de receita chega a R $ 326 milhões.

Outra razão pela qual os investidores estão entusiasmados é que o mogno africano está sendo cultivado em um habitat estranho. Isso o libertou de seu maior predador natural, a robusta mariposa Hypsipyla, facilitando o manejo florestal e reduzindo o custo de produção.

Rodrigo Ciriello, sócio da Futuro Florestal, empresa de reflorestamento e venda de mudas de árvores nativas e exóticas em São Paulo, diz que ainda é preciso cautela. As poucas árvores que já foram cortadas (ainda na década de 1970) permaneceram no mercado doméstico. “Não temos dados de colheita para saber o rendimento real ou quanto isso gerará na exportação. Ainda é um começo.”

“A primeira grande onda de cortes de mogno africano no Brasil será a partir de 2030”, diz Mauri Abud, que começou a plantar no Tocantins. Serão 1.200 hectares. “Caberá às noras lutar”, brinca (Press Officer, 23/4/18).